30 Jun 2012

Entrevista#

Aceitei o convite da Rita Duarte Silva para ser entrevistada e dar a conhecer um pouco mais sobre o que tenho andado aqui a desenvolver no blog e não só...
Este é o resultado.

Bárbara sem medo, e com lata 

Bárbara Mendonça concilia a Moda, que nunca esqueceu, com o curso de Gestão Hoteleira. E consegue o que ninguém pensa possível, à distância de um e-mail. Colabora já com marcas como a Aldo e, para breve, está uma estreia no mundo da Alta-Costura, com a dupla portuguesa Storytailors.

No secundário estavas em Artes. Quando é que começou a paixão pela variante Moda?
Eu sempre gostei imenso de Moda, de combinar cores… E naqueles três anos, isso desenvolveu-se.

Tinhas alguém ligado à área na tua família?
Tinha uma prima que sempre gostou de tudo relacionado com Moda e que era jornalista. Ambas éramos mais inclinadas para as artes do que o resto da família. E foi com ela que comecei a escrever e a ir a eventos de Moda. Ela, pela profissão, tinha acesso e convidava-me para ir. Quando cheguei ao 12º, quis ir para Design de Moda. O meu pai disse que não ia nada, e então decidi ir para Design de Comunicação, que tinha muito mais saídas. Odiei. O trabalho era com Photoshop e designs. Então andei à procura de uma área que me desse algum dinheiro e que me permitisse viajar. Cheguei a Gestão Hoteleira, mas sem esquecer nunca a Moda. O que pensei então foi: “Vou fazer o curso e tentar fazer mini cursos de Moda lá fora”. E foi isso que fiz. Acabei o primeiro ano e, no Verão, fui para Londres, para Fashion and Communication, na Central Saint Martins College of Arts and Design, que é uma das melhores escolas de lá. O Alexander McQueen foi lá aluno.

Qualquer pessoa pode entrar?
Sim. Eles não pedem mas é bom q tenhas alguma experiência, a desenhar, escrever… O curso é para descobrires mesmo o que é que gostas de fazer. Põem-te a fazer tudo. O último projecto lá foi criar um blog diferente. Comecei lá…

Qualquer pessoa pode começar um blog de moda, mas depois muitas vezes não há conteúdo.
Sim, a menos que compres a roupa e todos os dias mostres uma peça…

O que eu achei mais interessante no teu blog foi que não te limitas a vestir e mostrar roupas, com os créditos das marcas. Tu fazes produções. Houve uma em que vestiste uma modelo com pinturas da artista Maria Salgado.
Sim, eu gosto muito mais da vertente artística. Esse trabalho vai ser exposto no Centro Cultural de Cascais [onde se realizou a sessão].

Tu tens uma parceria com o Rui Valido, que é teu amigo, e é o fotógrafo das tuas produções, e a tua maquilhadora também tem Mendonça no nome. É da tua família?
O Rui começou por tirar fotografias aos surfers, depois começou a trabalhar para alguns sítios, como a Caras… Eu fui assistente do produtor de Moda da Caras, através dele. Isto no ano passado. Foi daí que veio o ir tirar o curso para Londres, para desenvolver isto. A minha maquilhadora é a minha irmã. Tem um curso de maquilhagem. Juntei a equipa e trabalho muito bem com eles. O Rui e eu somos sempre super sinceros um com o outro. Percebem-me bem naquilo que eu quero. A ideia é manter sempre a equipa.

Como é que escolhes as modelos? São amigas tuas?
Começaram por ser amigas. Depois falei com a Face Models. Era uma maneira de lhes dar currículo e eles mandavam-me pessoas novas que ainda não tinham fotografias.

Mexeste-te.
Sim. Que é uma coisa que as pessoas cá não fazem muito.

As pessoas acham um bocado que é impossível, que te vão perguntar “mas quem és tu?”. Mas isto são oportunidades de negócio para os dois lados.
Sim, é isso. Em Londres, as pessoas são muito mais acessíveis.

E proactivas?
Sim, não param. “Vamos ver isto? Vamos”, “Vamos conseguir isto? Vamos”. Cheguei cá e comecei a mandar mails. É muito fácil. Tens os contactos em todo o lado… Mandas e tens resposta.

Como é que surgiu a oportunidade de colaborares com os Storytailors? Foste contactada ou foste tu que os abordaste?
Eu contactei, porque vi a nova colecção e adoro o conceito deles. Então agarrei no contacto e liguei. A responsável disse que tinha adorado o meu blog e que estavam dispostos a divulgar e a colaborar comigo. “Damos-lhe o que precisar, os vestidos, vem cá buscar e pode contar connosco, porque nós até gostamos e queremos usar essas fotografias”.

E com a Muack Muack?
Uma amiga minha era amiga delas [das donas] e ela falou-me na loja, [disse-me] “é uma marca que se está a lançar online, vai lá ver…”. Fui e gostei, e pensei “vou mandar um e-mail, a ver o que é que se pode arranjar.” Elas gostaram imenso e estão-me a apoiar mesmo, para divulgar [o meu trabalho]. Para esta nova colecção, convidaram-me para fazer a produção. Escolhi as roupas, organizei tudo e falei com a Pensão Amor para podermos fotografar lá. Na Muack Muack, acharam que as modelos deviam ser bloggers portuguesas e acho que resultou tudo muito bem.

Tinhas algum tema?
As minhas produções contam sempre uma história. Desta vez a ideia era a de duas bloggers entrarem na Pensão Amor, descobrirem o espaço e, no fim, beberem um copo, que é mais ou menos o que nós fazemos quando vamos à Pensão. Então ficou “Labyrinth of Love”.

Estás na crista da onda.
Pois. Eu tenho uma parceria com a Aldo. Fui à loja e perguntei se havia alguma maneira de eu dar publicidade ao blog e eles me compensarem de alguma forma. Eles responderam que o máximo que podiam fazer era enviar-me emails com as novas tendências. Começou por aí, mas entretanto começaram a gostar imenso do que eu escrevia, e a certa altura disseram-me que me iam enviar um presente por correio. Era um convite para ir à loja para me mostrarem a colecção nova e escolher os sapatos que quisesse. O director aqui de Portugal gostou do meu trabalho e disse-me “Já esteve a estudar Moda… Sabe para onde é que devia ir? Tóquio. Se precisar conte comigo. Eu vou lá duas vezes por ano.”

Não achas que perdes alguma independência com os patrocínios?
Eles não interferem em nada com os meus critérios de fotografia. Mas tenho essa noção, de que por me darem alguma coisa, parece que existe um sentimento de obrigatoriedade de escrever. Queria manter essa independência. Mas todos têm uma palavra a dizer no fim, “gostámos disto…”, é muito bom.

Já és remunerada?
Não, mas lá está é um negócio para os dois. É o que eu peço. É uma oportunidade para mim, para ir depois aos desfiles, ver a colecção… E eu divirto-me a fazer isso.

A ideia é seguires Hotelaria na mesma?
A minha ideia era fundir a Hotelaria com a Moda. Há muitos hotéis agora, no Dubai…que estão relacionados com marcas de Moda. Louis Vuitton, Chanel… Estás no hotel e podes comprar tudo, desde a alcatifa à cortina. Era essa a minha ideia. Ou então até organizar eventos, desfiles no hotel.

E agora, para onde é que vais então?
A minha indecisão é tirar um mestrado em Gestão Hoteleira, em Lausanne… Ou então tirar o tal mestrado em Moda em Londres.

Inspirações que tenhas, casas de Moda preferidas…?
Eu gosto de coisas diferentes mas que eu possa adaptar a um estilo normal. Por exemplo, Jeffrey Campbell está agora muito na Moda. Os sapatos são giros e, em Londres, sim, havia tudo aquilo na rua. Mas aqui acho que…

Temos calçada portuguesa. É muito diferente.
Exacto.

Mas então uma inspiração portuguesa, para além daqueles de que já falámos.
Nuno Baltazar. Gosto do conceito e da atitude dele. Acho que é um bom design. O Miguel Vieira mantém sempre a elegância, é um clássico. Os Burgueses, que são muito diferentes.

E uma manequim preferida, tens?
A Anja Rubik. Se fizesse uma produção era com ela. A Kate Moss.

Uma loja de consumo massificado?
Bimba & Lola. Tem detalhes que não vejo noutros sítios.

Plano futuro de sonho? Daqui a vinte anos?
Não faço ideia. Adoro fazer imensas coisas. Gestão…

Mas sempre com uma vertente de criação.
Isso.

Agora hás-de ir para Barcelona.
Sim, estagiar para um hotel.

Que outros projectos tens na forja?
Eu adoro música. E quando estive como assistente de Moda, começámos a vestir os Amor Electro para os espectáculos. Vamos ver.

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